Estou a chocar alguma!

Este blog vai chocar com várias raças, religiões, regiões, bairros, sexo, credos e até com ele mesmo. O objectivo é divertir todos, perceber que as diferenças só deverão servir para nos aproximar. Quem se ofender... bem, temos pena!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Angola 2 vs Portugal 1

Disseram-me que é racismo gozar com os pretos! Racismo é não gozar! O politicamente correcto é prejudicial à eliminação dos preconceitos raciais. Um preto como o Chris Rock, um dos meus comediantes preferidos, pode gozar com brancos e pretos e eu não? Eu quero ter o direito a gozar com todos. Nos EUA, brancos ficam hipocritamente ofendidos se dizemos black, porque o termo correcto é Afro-Americano. Então eu aqui em Angola tenho que dizer Afro-Africano? Ou Nativo Africano? Aqui há pretos, brancos, mestiços e cabritas lindas! O que é que interessa o que chamamos uns aos outros?
Ah é? Então a partir de agora fico ofendido quando me chamarem branco. Têm de me chamar Euro Caucasiano. Não!! Não quero ser confundido com os loirinhos lá de cima da Escandinávia. Chamem-me Sul Euro Caucasiano.
Um jornalista Norte Americano Jon Entine, escreveu recentemente um livro tabu! “Porque é que os pretos são melhores que os brancos no desporto?” Segundo vários estudos, a nível intelectual não há diferenças entre raças, mas sim entre grupos sociais, devido a factores como alimentação, educação, formação, etc. “Race is a social construct, not a scientific classification,” the New England Journal of Medicine.
Então os pretos são melhores que os brancos em tudo. Cantam melhor. Dançam melhor. Têm mais ritmo. Jogam melhor. São mais rápidos. São mais explosivos. Saltam mais. Têm mais força. Melhores reflexos. Não têm gordura. E segundo o que várias Angolanas me disseram, por experiências próprias e nas palavras delas: F**** melhor! (palavras delas que eu não digo asneiras). E o mito de que os pretos têm-no maior, confirma-se. Enfim, quanto mais preto melhor.

Os brancos que acham que são iguais aos pretos, não são brancos. São broncos! Há que reconhecer a superioridade.
A minha sorte é que sou mestiço e tenho sangue preto dentro de mim. Sinto-me preto. De branco tenho muito pouco. As únicas coisas brancas que estou a ver que tenho são: não ter ritmo, não ter ouvido para a música e conseguir desafinar sempre que tento cantar. Também não sei dançar e ainda me lembro, que uma Cabo Verdeana, que pacientemente me tentava ensinar Kizomba, me disse que parecia que tinha engolido um pau de vassoura (isto depois de várias noites em Cabo Verde a treinar com elas). Já me esquecia, tenho pouca explosão física e uns rins duros que não me permitem mudar de velocidade. Por falar em velocidade, sou lento! Tenho pouca força e engordo facilmente. Por mais que vá ao ginásio não ganho músculos. A penka também é muito grande. Mas tirando isto tudo, sou preto. Esperem…, na cama também sou demasiado branco e as minhas namoradas estão sempre a queixar-se. Elas também se queixavam que também sou muito branco relativamente aquela questão do “mito”! E ainda dizem que o tamanho não importa. Mas tirando tudo isto, sou preto. E não sou o único a querer ser preto. Todos nós queremos, por isso ansiamos por estarmos sempre o máximo bronzeados. Quanto mais pretos melhor!

Este artigo mostra bem que o racismo e a preocupação de manter as diferenças entre as raças é burrice, como diz o Gabriel o Pensador:
http://members.aol.com/newssciencepage/050128_race.htm

Quem não quer misturas é porque nunca viu cabritas ou mestiças. São lindas!

E neste aspecto, por ter mais pretos que Portugal, Angola ganha mais 1 ponto.

Angola – 2 vs. Portugal - 1

Angola - 1 vs. Portugal - 1 Empatámos!

Desde que cheguei a Angola não percebia porque é que os elevadores param nos andares e há sempre um angolano que pergunta vai subir, quando estamos a descer ou se vai descer, quando estamos a subir.
Ao início estranhei, mas depois como tudo por aqui, fui me habituando. Quando o elevador parava num andar, se era branco entrava e eu dizia “boa tarde”. Se era Angolano, eu automaticamente, mal a porta abria e podia vê-lo, respondia a direcção que o elevador tomava (“Vai descer!”). O Angolano, fazendo jus à simpatia inerente que o povo tem, agradecia com um sorriso e ficava à espera do próximo que fosse tomar a direcção oposta.
Também não percebia porque é que os hotéis em que estive, com tantos elevadores para tão poucos andares, pessoas e movimento demoram tanto tempo. “É o ritmo Angolano” pensei eu, até nos elevadores…e como tudo por aqui, conformei-me!
Hoje finalmente percebi, quando o motorista chamou o elevador. Nós estávamos no 4º piso e o elevador no 0. Ele carrega no botão que indicava subir. Eu apresso-me a carregar no que vai descer, senão o que iria descer passaria por nós e teríamos de esperar ainda mais (e tendo em conta o ritmo angolano, era coisa para demorar mais 23 minutos). Ele diz-me para eu estar tranquilo porque os elevadores estavam todos no R/C e ele já os tinha puxado para cima. Ou seja, o Angolano vê em que piso está o elevador e depois puxa-o na sua direcção. Por isso continua a esperar nos andares!
Desculpem lá, mas quanto ao ideal de beleza (ver patranha em baixo), Angola dá baile a Portugal. Mas esta não vou perdoar. Portugal empata.

Angola -1 vs Portugal – 1

Kintas

Choque Geracional I

Geração Rasca vs. Geração Morangos com Açúcar

Para os putos de 20 anos, hoje e todo o seu crescimento foi fácil. É tudo fácil! A vida é fácil. Ter uma consola e jogar PES é fácil. Sair à noite, apesar de ser mais perigoso, é fácil. Ir à neve é fácil. Fazer viagem de finalistas da primária é fácil. Safar-se com uma miúda, não é fácil! É “facilíssimo”!
Para além de ser tudo fácil, tudo é em euros. Odeio quando um puto me pergunta, quanto custou uma coisa. Se respondo 7 contos, ele fica a olhar para mim com ar de parvo. Eu ainda me lembro quando um rebuçado diamante custava 25 tostões, no quiosque da Adelina, junto ao mercado de Oeiras.
Os putos hoje têm tudo!
Os putos não tiveram de trabalhar como eu durante os estudos. Os pais dão-lhes dinheiro só para eles estarem calados. Mas sobre a minha dura infância laboral, eu escreverei mais tarde.
Antigamente tínhamos de jogar ao Bate Pé para sacar uns beijos. E mesmo assim ainda tive
de inventar uma regra (sim, já na altura estava sempre a inventar regras e teorias!) em que elas não podiam bater o pé mais de 10 vezes, porque havia raparigas que já tinham a sola gasta de eu tanto pedir o 7. Hoje a iniciação sexual dos putos começa como uma orgia a nível gang bang Carnaval brasileiro.

Antigamente tínhamos de mentir durante 2 meses a uma miúda, dizer que íamos casar com ela para depois, da quarentena mínima de 2 meses, poder fazer “O Amor”! Hoje, os primeiros 2 meses são só para sexo sem compromisso para ver se há bom encaixe para um possível, mas nada certo, namoro.
Antigamente as miúdas eram espertas e inteligentes (para mulher, claro) e dificilmente as enganávamos, sendo elas que nos controlavam e faziam de nós o que queriam. Hoje as miúdas são frívolas, burras e inconscientes. Por isso são muito mais felizes e dadas e descomplexadas. Enquanto as outras acabam complexadas, inseguras e infelizes porque percebem que nunca irão atingir os seus objectivos e ser melhor que os Homens, terminando solteiras, gordas e ressabiadas.
Antigamente, tive de pagar 2 bolos e 1 cachorro no bar do liceu à baleia da Marta, para ela me mostrar os peitinhos (SEM TOCAR!), durante 10 segundos, atrás do pavilhão 2. (eheh, valeu bem os 127$50!!). Hoje os putos, à moda de spring break americano dão colares de pechisbeques e elas agarram na cabeça deles, esfregam contra os seus peitinhos e dão-lhes uma valente sova de mamas, no meio da rua.
Antigamente as miúdas iam para o liceu de fato de treino azul escuro e largo para as aulas de educação física. Hoje, usam calças justas de algodão ou Lycra e tops reduzidos nos ginásios.
Antigamente, elas usavam calças jeans Uniform, Chevignon ou Soviet até ao umbigo. Hoje as calças são sempre descaídas a mostrar a barriguinha e na parte de trás um bocadinho do mealheiro e respectivo fio dental. (no entanto há muito bagulho que devia ter noção e deixar de ter as banhas à mostra!)


Por falar em fio dental, antigamente as cuecas delas eram tipo Jockey, estilo Homer Simpson sentado no sofá a um domingo à tarde. Hoje se o fio dental tem mais de 0.5 cm é largo demais, isto quando usam cuecas.
Antigamente ficávamos várias noites a galar miúdas no Bauhaus ou Louvre, enquanto tentávamos não apanhar dos gajos da Madorna ou Fim do Mundo. Se não tivéssemos amigos em comum, não servia de nada ir falar com ela, pois não nos ligaria, mesmo que estivesse a retribuir os galanços. Hoje, os putos no Loft e Coconuts, mesmo sem terem trocado um olhar, se dão um encontrão de costas sem querer, viram-se e começam a comer-se instintivamente no meio da pista.

Cabrões dos putos!

Kota

domingo, 15 de abril de 2007

Ideal de beleza certo!

Angola tem um ritmo diferente. É que se ouve muitas vezes dizer quem regressa deste país. Mais que um ritmo, tem muitas coisas diferentes e coisas que apesar deste ser um dos 10 países mais é um deles. Enquanto na Europa o ideal de beleza são mulheres magras e sem pêlos, que exigem destas muitas horas e dinheiro gastos em ginásios, comida pobres do mundo, estão muito mais avançadas que a Europa. E o ideal de beleza especial, esteticienes, depilações a laser ou cera fria e quente, privações de comida, álcool, etc. Aqui o ideal de beleza faz muito mais sentido. As mulheres querem-se grandes e com pêlos. Já viram o que facilita a vida? Se nós aí gostássemos de bagaços peludos, estávamos felizes sempre que saíamos à noite. Mas não! Queremo-las magritas, depiladas, carinha angelical ou fatal. Porque é que não gostamos das penkudas, testudas, queixudas, com prognatismo, estrábicas, carecas ou até anãs. Com o entulho que há em Portugal, cada vez que íamos à rua era com prazer. Já estou a imaginar a Charlize Theron a fazer-se a mim e eu a responder educadamente: “Desculpa lá, mas não vai dar. Não tens celulite! Nem uma borbulha sequer na cara?? Mas gostei de ti como amiga. Vai beber umas coca-colas e comer umas chamuças com alho para melhorar o hálito!”
Imaginem nos meus primeiros dias de gravações. O Tó Maria, nome carinhoso que eu chamo à minha personagem nesta série, tinha de passar por duas Angolanas boazudas (segundo o standard deles) e ficar maravilhado com esta beleza. Estas duas Angolanas tinham um cagueiro de fazer inveja à Margarida Martins, quando ainda era porteira no frágil, mais pêlos no peito e barriga que o Toni Ramos (porque é que o Toni Ramos é sempre o alvo de comparações com pêlos?? Estive 20 minutos a tentar arranjar outro e este é realmente o melhor! Estive quase para dizer um dos meus melhores amigos, o Chef Cardoso, mas poucos o conhecem) e pêlos no queixo mais compridos que um taliban convicto há anos. Depois pintam as unhas dos pés com flores, como se isso fosse desviar a atenção do resto. Aí é que eu vi que eu vou ser um actor para ganhar o globo de ouro angolano! Mas mesmo assim precisei de 8 takes. Só ouvia: “Corta! Esse ar é de deprimido”; “Corta! Esse ar é de tarado!”; “Corta! Esse ar é de assustado!” Lá ao fim do oitavo take fiz o ar maravilhado e inocente que um bom director comercial do BFA deve ter.
Os pêlos no peito assustam-me muito. Mais que os pêlos entre o umbigo e a… inicio das calças. Como diz o grande humorista André Pardal, são os refugiados. Não os deixaram ficar na mata, tiveram de se refugiar naquela zona mais exposta.
Mas os angolanos é que sabem.

O ideal de beleza para homens também é diferente. Mas desse falamos depois.

Malenka (vão com calma em Kimbundo),

Tó Maria

Paulucho...


Cheguei a Luanda às 7h da manhã de segunda feira. Directo para o set de gravações. Primeiro choque cultural: o apanhar de bagagens no tapete do aeroporto. As minhas para variar são sempre as últimas. Tenho sorte a tudo na vida, excepto aos jogos de azar, tempo/clima quando viajo e malas no aeroporto. Apesar de estar habituado aos 45 minutos que a Ground Force (empresa da TAP) me faz esperar no minímo, aqui esperei quase 1 hora. Mas a cereja no topo do bolo ainda estava para vir. Assim que eles colocam as últimas malas no tapete (neste caso as minhas), param o tapete. Ou seja, temos que ser nós a ir dar a volta toda ao tapete a pé, para ir buscar as malas. Porquê a pé e não com o carrinho? Porque aqui temos um negão a guardar os carros e temos de lhe dar dinheiro (euro ou doláres) pelo carrinho. Como sou fonas...
O set de gravações é lindo. Esplanada na praia. Mal chego, sou atirado às feras. Apresentam-me 30 pessoas ao mesmo tempo, que ainda por cima me parecem todos iguais. Não consigo distinguir quem é que é da equipe técnica, quem é figurante e quem é actor. Realizador em stress para cumprir o plano começa com as indicações: "Vou fazer um travelling com a 1, troco para a 2 quando chegares a esta marca, desligas o telefone, voltas para a 1 e depois faço o diálogo a trocar entre a 1 e a 3". Resultado, os primeiros dias, estava ainda mais canastro que o normal. Tão canastro estava que o realizador e outros directores de tanto gozarem comigo, fizeram com que o resto dos técnicos pensassem que o meu nome é Canastro e não Bernardo (eles aqui felizmente não sabem o que é ser um grande canastrão!)

Portugal e agora Angola ganharam mais um grande canastro!! Aliás, até já o Assistente de Iluminação (agora um dos meus melhores amigos lá), o Paulucho, aqui na foto ao lado, pensa que o meu nome é "Cánástro" e não Bérnárdó! Diz do alto da sua inocência e 132 kg de massa muscular: "Sr. Cánástro, por fávô, libera aí os pé pra mim arrastá esses cabu!" Muito bom!


Jokas

Cánástrô

sábado, 14 de abril de 2007

Odeio blogs...

...mas esta não é uma forma de os criticar. Quando não os podes vencer... Então, porquê este blog?
1. Para começar a recolher conteúdos e não perder ideias e para poder escrever coisas mais interessantes. Por isso, vou escrever tudo. Coisas muito más e outras ainda bem piores.
2. Para poder gozar abertamente com todos, sem querer mal a ninguém.
3. Para aproveitar e contar as histórias das minhas viagens e estadias fora de casa (em vez de enviar mails chatos que ninguém gosta de ler)
4. Para tentar sacar damas. Na cinemateca vemos grandes foguetes ao lado de pseudo intelectuais feios e claro com higiene descuidada. Quero ver se me safo com uma destas a dar uma de intelectual.
5. Parecida com a anterior: mais uma grande deixa para falar com miúdas: "ah, e tal... no meu blog já falei uma vez sobre a questão da dualidade entre o neo expressinismo e a performance, e se isso é realmente teatro. Mas se pensarmos bem o que é teatro..." E aí fica FÁCIL!!
6.Para mostrar que as diferenças existem, mas como diz o grande Hélio Araújo (um filósofo e músico moderno), é a gozar com essas diferenças que nos podemos aproximar uns dos outros e ver que não são importantes.

Quero agradecer à Pipoca (mais doce), pois foi por causa do blog dela que decidi criar este. Aconselho vivamente a lerem o blog dela. Principalmente quando ela escreve sobre mim. Sempre que acordo deprimido vou ler as coisas dela (já é a minha homepage). Fico com o ego inchado.


Jokas a todos

Prof Kizango