Estou a chocar alguma!

Este blog vai chocar com várias raças, religiões, regiões, bairros, sexo, credos e até com ele mesmo. O objectivo é divertir todos, perceber que as diferenças só deverão servir para nos aproximar. Quem se ofender... bem, temos pena!

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Nomes

Os PALOPS e Brasil tem uma grande vantagem sobre nós. Podem escolher os nomes que querem. Alguns de vocês, os mais conservadores dirão logo: mas isso origina nomes horrorosos. Então fui consultar a lista de onde podemos escolher os nomes em Portugal: Soraia, Micaela, Cátia Vanessa, Alveno, Aguinaldo, Berengária, Gaudêncio, Frutuoso, Hermenegildo, Ifigénia, Leopoldina, Mónio, Minervina, Ordonho, Querubina, Urraca (sim, este ainda podem dar à vossa filha), Vladimiro, Xisto, Zuleica, Zulmira, Zenaide, etc, etc.
Olhem agora os nomes que encontrei em Angola:

  • Oficial Pereira
  • Sargento João
  • Engenheiro Fonseca
  • Kitengo Kunga
  • General Teixeira
  • Professor Silvestre
  • Micau Jecsom (estava mesmo assim escrito no cartão de identificação do ajudante de cozinha)

Eu adoraria chamar-me Sargento. Odeio quando, ao telefone, nos serviços de apoio a cliente me pedem o nome e me tratam por Sôr “nome”. Agora: “o Sôr Sargento, não carregou mais uma vez a sua Vitamina e por isso cortamos-lhe o serviço”, ou “O Sôr Sargento está sem luz porque mais uma vez não pagou as contas”!

terça-feira, 24 de julho de 2007

Despedida


Recebi a notícia este fim de semana. Não vou regressar a Angola. A noticia caiu como uma bomba. Estou desolado. Apesar de tudo, estou cheio de saudades. Saudades das pessoas, dos amigos, das histórias, das diferenças, do ritmo, do calor e sobretudo da lógica deles. Depois do choque cultural, adaptei-me muito facilmente a Angola. Eles estão muito à frente. Neste momento sinto um vazio enorme.
Por isso vou começar a gozar com outras coisas. Mas antes ainda tenho muitas coisas apontadas sobre Angola. É uma boa forma de recordar os óptimos momentos que lá passei. Apesar de estar sem tempo nenhum para ir... caraças, estou mesmo triste!

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Quase tão aldrabões como brazucas

Há actividades que tradicionalmente geram mentirosos. Um vendedor de automóveis nunca dirá a verdade e só a verdade. Se for bom, diz aquilo que o comprador quer ouvir. “Um comprador de automóveis gosta de acreditar naquilo que os vendedores dizem!” é uma regra do sector. Actividades relacionadas com o mar, também são propicias a grandes exageros e histórias a roçar o fantástico. O tamanho do peixe, a profundidade do mergulho, o tempo de apneia, o número de peixes, o tamanho da onda quando se surfa, aquele tubo que nunca se fez, o salto no kitesurf quando nem levantou da água, o planar no windsurf, etc, etc.
Mas nada se compara às constantes mentiras do angolano. Um angolano está sempre a mentir para encobrir a gasosa. Como todos recebem gasosa, todos aceitam as mentiras dos outros tranquilamente. Mas o problema é que a capacidade criativa é reduzida. Então qualquer branco sente a sua inteligência a ser insultada quando o angolano mente para se desculpar de uma qualquer responsabilidade não cumprida. Por exemplo, no fim de semana fomos à praia e quando chegámos, os empregados do restaurante é que nos vieram perguntar se queríamos reservar lagostas e peixe porque depois poderia não haver. Achámos um gesto simpático e puro. Ignorância nossa. Quando chegámos à hora de servir, esperámos 2 horas, com eles sempre a dizerem que já vinha o almoço. Depois de 2 horas lembraram-se da seguinte desculpa: “O peixe acabou!”. Obviamente perguntámos porque é que não disseram isso mais cedo e porque é que eles é que nos pediram para reservar. Então imediatamente ele respondeu: “é que o peixe estragou-se!”. Não acreditando, saí da esplanada e fui dentro do restaurante ver uma família a comer o nosso peixe e lagostas. Pagaram gasosa para comer a nossa encomenda.
No fundo quando nos pediram para reservar, queria gasosa. Peixe e lagosta em restaurantes angolanos, não é com vinho verde. Só com Gasosa!

terça-feira, 17 de julho de 2007

Prisão Domiciliária

Vou regressar a Angola, ou melhor à prisão domiciliária. Mas pior foram as primeiras 3 semanas: prisão num hotel de 4 estrelas angolano. Preço de uma garrafa de água: 7 USD. Quando chove a TV não funciona. Falhas de energia constantes que apagam todas as luzes durante minutos. O único computador com internet (se tiver sorte de estar livre), fica sem internet se está a chover e nas horas a seguir. Caí no erro de ir com óculos de natação para a piscina. Vi lá uns bichos, com aspecto de sanguessuga que me desincentivaram a futuros mergulhos.
A partir das 18 horas no lounge, um pianista preto tocava... pior que o meu irmão quando andava a aprender. E de referir que o meu irmão sabia mais músicas que ele: 2! Aquela música ainda hoje me causa arrepios. Ainda não sei se naquela fatídica sexta-feira em que cheguei ao hotel às 20h e me colocaram na rua, por falta de pagamento da TPA, foi uma benção ou castigo.
O pequeno almoço era sempre a mesma coisa e fartamo-nos facilmente. Começo a inventar misturas como por exemplo sanduíches gigantes com tudo o que há disponível.
Contrariando conselhos, saí para a rua. Precisava de comprar champô e ar puro sem ar condicionado. Depois de quase 1 km a andar, um carro tenta-me atropelar e sim, foi intencional. Talvez não para me matar, mas para me assustar.
Depois, 3 pretos com aquele aspecto, colam-se a mim e ficam a andar ao meu lado durante uns metros. Atravesso a rua e eles atravessam comigo, sempre colados a menos de 1 metro.
O que vale é que poucos angolanos comem eu tenho o dobro da força deles. Por isso, enchi-me de coragem e... pego na cabeça de cada um e esmago-as uma contra o outro. Depois pego no outro e faço-lhe um FU à John Cena e no outro um Razors Edge (mais conhecido como cruz invertida, Wrestling Old School) do Razor Ramon. E de seguida... já chega de tangas. Assim que me enchi de coragem fugi directo ao hotel sem olhar para trás. Nem o Obikwelu corre tão rápido de hawainas.

Moda


A moda em Angola tem muita expressão. Os desfiles de moda têm muita audiência e as pessoas ligam muito ao que vestem. Sinceramente gosto mais da moda angolana que a nossa. A europeia actualmente tem muita tendência para o preto. Em África há cor. E fazem questão que o tecido seja igual da cabeça aos pés. Isto nos vestidos mais tradicionais.
Mas encontrei um local na Europa onde as pessoas também gostam de se vestir de igual de cabeça aos pés. Uma cidade onde a moda e o vestir é também muito importante. Uma cidade, não. Uma nação! Uma nação, onde sair à rua sem estar todo “kitado” pode significar apedrejamento público. O Porto!
Olhem o que encontrei nos clérigos!! (foto ao lado) E garanto-vos que a única coisa que não tinha o tecido bombazina castanha clara era a sola das botas. Tudo o resto...
Eu não queria gozar com o Porto e tripeirada, porque depois de começar, o material é tanto que não vai dar para parar.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Desporto em Angola II



Outro desporto que vou tentar praticar é o Golf. Desta vez levo os tacos. O campo é no meio da savana. Mas tudo bem não há leões, porque... bem, basicamente porque não há animais em Angola. Os angolanos comeram tudo durante a guerra. De vez em quando lá se vê um pardal, que deve estar perdido das costas da Namíbia.
O visual é lindíssimo. A maior dificuldade é encontrar a bola. O fairway é pior que o rough do campo de Belas (os possidónios que não souberem estes termos, o melhor é nem perguntarem e irem ver calados à Internet). Aliás, nem sequer se percebe bem o que é o fairway, mata cerrada, estrada para os carros, etc. É tudo igual. Então os jogadores têm que ter um tapete pequeno de relva artificial e é tal e qual regras de Inverno: Levanta-se a bola (quando se a acha) e coloca-se por cima do tapete. Não sei quem é mais maluco! Os angolanos por terem este campo ou os brancos viciados em Golf que jogam nisto com 32 graus e 110% de humidade relativa.

Desporto em Angola

Tive muitas dificuldades em fazer exercício em Angola. O meu preferido era o sprint! Saía do hotel e andava para aí uns 400 metros. Depois quando me começavam a rodear para me assaltar, sprintava até ao hotel. Tenho a impressão que bati o record do Obikwelu.
Para além deste exercício, tentava acompanhar todas as manhãs, pelas 7h, o programa de ginástica da TPA.
O professor tinha uns carismáticos 55 anos. Os alunos eram pouco mais novos. As mulheres obviamente seguiam o standard de ideal de beleza angolana. Todas acima dos 100 kg.
Mas o interessante era a coordenação entre alunos e professores. Uma das aulas era body combat. Mas acho que os alunos foram preparados para aeróbica. Resultado andavam todos trocados. E a meio do exercício acaba a música. O professor diz para os alunos: “Não parem!” e vai colocar outro CD. Mas ninguém sabia a coreografia e ficam uns especados a olhar e outros a tentar seguir.
Acho que regresso a Angola dia 20 de Julho. Que saudades!

sábado, 14 de julho de 2007

Gaffes em Angola III

A meio de uma gravação alguns actores estavam a discutir calorosamente sobre um assunto qualquer angolano. A discussão estava acesa e como tinha acabado de chegar a Angola, nem sequer estava a perceber muito bem o calão deles e consequentemente o tema de discussão. Mais, estava a tentar sair deste grupo para nem ser envolvido. Eis que não quando me perguntam a minha opinião. Inocentemente e espontaneamente respondi: “Vocês são pretos, que se entendam!"
Desta vez riram-se!

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Sair de Angola II

Semelhanças entre autocarros no LAOS e a TAAG:
1. Os Angolanos acham que têm o mesmo tamanho dos chinocas, pois os bancos no avião estão uns em cima dos outros
2. O Avião só parte quando está cheio. Se não tem pessoas suficientes para o voo daquele dia, então fica adiado para o dia seguinte. E as pessoas já têm o check in feito e estão à espera no aeroporto. No dia seguinte há overbooking pois há gente a mais. Mas atenção, avisam na Televisão que o voo foi adiado!!!
3. Vi todo o tipo de bagagem de mão dentro do avião e ninguém me tira da cabeça que um preto levava 2 galinhas vivas numa mochila monte campo.
4. Nunca tinha visto até hoje ninguém vomitar num avião
5. O deus dos Angolanos, Rainha Ginga ou kimboló, ou uma coisa do género, também me ajudou e deu-me um dos 2 lugares onde as minhas pernas cabem.

Agora estão vocês a pensar que eu estou a dizer mal da TAAG. Enganam-se. Acho isto admirável. Apesar de não terem assinado o protocolo de Quito, a TAAG tenta reduzir as emissões, voando apenas com o avião completo. Eficiência máxima. Mais um ponto para Angola por serem tão ambientalistas

Sair de Angola I

Sair de Angola tem tanto material para escrever que vai haver vários posts com isto.
Viajar de avião com a TAAG (Transportes Aéreos Angolanos) faz-me lembrar as minhas viagens de autocarro no Laos. Neste país do sudeste asiático o autocarro parte da capital Vientiane para a antiga capital do país Luang Prabang às 7 horas da manhã. O dia começa cedo na Ásia. Chegamos ao terminal (um terreno de terra batida aberto, mais uma vez parecido com o Aeroporto 4 de Fevereiro em Luanda) às 6 horas para assegurar um bom lugar no autocarro de 25 lugares. Mas são 25 lugares numa carrinha do tamanho pouco maior que uma Hiace. Já lá estava um francês de 1.94. O franciú (mais uma razão para eu odiar os mal cheirosos dos franceses) já era batido na Ásia chegou lá mais cedo para ficar com o único lugar onde as pernas de alguém acima de 1.80 cabem. A altura da carrinha é de 1.75 e as minhas pernas não cabem, mesmo no lugar sentado de 2 pessoas, que achei.Para piorar, devido à boa educação que recebi, cedi o lugar a uma mãe com 2 crianças que teriam de ir em pé. Cabiam os 3 facilmente onde eu não cabia. Já a ver as coisas mal paradas, pois o autocarro estava quase cheio e eu sem um lugar onde conseguisse ir minimamente confortável durante as 12 horas de viagem que cobrem os 200 km de estrada buracosa. Já são 10 horas da manhã e eu estou farto de estar em pé numa carrinha com 1.80m de altura e de ter o pescoço todo vergado para baixo (para quem não me conhece tenho 1.90m, até porque deve haver imensa gente que não me conhece interessado nesta porcaria de blog). Até que percebi que o autocarro só parte quando estiver cheio. Cheio não, à pinha. Com galinhas, sacos de arroz, farinha e todas as outras coisas que qualquer asiático leva consigo. Mas o buda (o deus dos chinocas) ajudou-me. Amontoei várias sacas de farinha e arroz quase até ao tecto e deitei-me em cima delas. Depois, como os japas (para mim, tem olhos em bico, é tudo igual) como não estão habituados a andar de carro, só de bicicleta, começam a enjoar e a vomitar pelas janelas.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Palminhas

Outra coisa boa quando se viaja na TAAG são as palmas quando o avião aterra e nos sentimos finalmente em segurança. Este costume já desapareceu dos portugueses. Antigamente, quando viajava para os Açores ou Madeira, todos os verões, havia palmas entusiásticas mal o avião começava a dar sinal de travar. Sim, porque havia vezes na Madeira que o avião aterrava e não travava. Acelerava e levantava de novo, porque a pista era mínima e ainda caímos no oceano.
Actualmente eu sou sempre o primeiro a bater palmas e a puxar pelo resto da malta. Escusado será dizer que quem viaja comigo passa sempre vergonha, mas é um costume que eu não quero deixar morrer. E agora apenas meia dúzia de fieis é que me seguem, mas já muito a medo. Já dão duas ou três palmas e param logo.
Pior são os voos para a Europa. Fico sozinho a bater palmas com todos os outros passeiros a olhar para mim. Os nórdicos olham para mim com ar divertido e incrédulo, pois já nem se lembram desta tradição. O resto dos tugas desilude-me. Porque agora olham-me com desdém e acham que sou bimbo. São os mesmos que há anos tiravam os cintos de segurança muito antes dos sinais luminosos desaparecerem e faziam autênticas standing ovations ao piloto! Hipócritas!

Em defesa da TAAG

Este é um manifesto para ajudar a TAAG a poder voar na Europa.

  1. As refeições são enormes. 2 pratos, entrada e sobremesa.
  2. Antes da refeição dão logo 2 garrafas de vinho
  3. Durante a refeição trazem mais pão e vinho
  4. No final, com o café trazem whisky. Mas não são aquelas garrafinhas que nem o fundo do copo tapam. São garrafas de litro e servem o copo até transbordar, fazendo lembrar os clássicos penalties das tascas.
  5. Mal acabamos o almoço, dormimos uma boa sesta
  6. Mal adormecemos, já nos estão a acordar para o lanche, que é maior que o almoço da TAP e 10 vezes mais que a comida da Lufthansa.
  7. Se quisermos mais 2 garrafas de vinho com o lanche.
  8. Digestivo ao lanche (mais um copo a transbordar).

O único inconveniente de viajar na TAAG são as dores de cabeça e sede que tenho quando aterro. Ainda não percebi bem porquê. Agora medo?? Nunca tive. Principalmente depois da primeira garrafa. E medo de quê? Só porque eles têm os mapas das rotas antigas e andam à mesma altitude que aviões noutras rotas? Só porque eles não fazem revisões aos aviões? Só porque eles não põem óleo nos motores e fazem uma fumarada preta no céu? Só porque o sistema de vídeos deles está cheio de vírus informático?

Pode parecer que estou a gozar, mas nas minhas discussões com os Angolanos, eles dizem mesmo a palavra "só"! Nem nos anúncios do Feira Nova!!

terça-feira, 3 de julho de 2007

TAAG

Estou curioso para saber como é que as pessoas em Portugal estão a viver esta questão da União Europeia não permitir mais voos entre os países que a constituem e Angola através da companhia aérea TAAG. Como o Governo Angolano acha que a EU é racista e quer proibir os voos, não por questões de segurança, mas só para irritar os Angolanos, vai também proibir outras companhias europeias, como a TAP de aterrarem em Angola. Até porque sinceramente, tirando irritar lagartos, não há nada que dê mais gozo aos Europeus gozo que irritar Angolanos (para quem não sabia, toda a Europa odeia Lagartos e adora o Benfica - somos mais de 7 milhões).
Eu, aqui em Angola estou tranquilíssimo. Tenho voo marcado para dia 6, daqui a 3 dias. Por um lado tenho mesmo de regressar, porque tenho muitas questões profissionais e pessoais para resolver. É dinheiro que perco por não ir. Por outro lado, ficar em Angola sem carro, sem dinheiro e nem roupa trouxe porque só vim 6 dias, parece-me agradável. Também para que é que eu preciso de roupa se não posso sair de casa, sem ser baleado? Mas recentemente ainda ganhei mais uma perspectiva. Que é a TAAG só ser proibida de voar depois de dia 6 e eu embarcar. Eu adoro voar e viajar de avião. Mas se a EU quer proibir a TAAG de voar por questões de segurança… Está a aparecer a borra!!!!
Só para terem noção da minha perspectiva. Quando viajei pela primeira vez na TAAG os aviões tinham 2 semanas. Praticamente novos! Quando regressei a Portugal 2 meses depois, as TV com vídeos já não funcionavam. Pior, quando voltei agora a Angola os vídeos estavam cheios de vírus e não havia nada em Português. Todos os menus eram em inglês e todos os filmes e séries eram em inglês sem legendas. Eu era a única pessoa no avião a ver vídeos, quando os vírus não deitavam o sistema abaixo.
Será que a EU enganou-se? Quando reparou que os manuais de segurança e pilotagem dos aviões estavam apenas em Inglês e não em Português como mandam as regras, e viu apenas o menu dos vídeos? Será que o vírus é só do sistema de vídeo ou também do sistema de navegação?
Até parece que os aviões da TAAG estão para aí a chocar com prédios!!

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Mais angolanadas

Uma das coisas que fazemos durante os engarrafamentos é ouvir rádio. Hoje estávamos a ouvir a seguinte notícia. Uma senhora que estava na berma foi atropelada. Como já vos expliquei, quando há engarrafamento, o Angolano tenta ser mais esperto e ir pelas bermas. Se estiver lá alguma pessoa e for atropelada… eles também devem pensar: “mais um preto, menos um preto...”. O repórter muito entusiasmado porque estava lá a fazer, segundo ele: “a fotografia possível”, falando com todas as testemunhas. Uma das perguntas era: “Percebeu se ele estava bêbado ou sério?”. A resposta: “Sim. Eu vi. Ele, pula, o carro e depois ou estava bêbado ou sério!”. Eu ainda estou com algumas dificuldades no kimbundu, por isso não percebi se estava ou não embriagado, mas sobretudo não percebi se o condutor era Pula (branco) ou se ele pula (salta) do carro. E como segundo outra testemunha, o condutor tentou fugir, mas foi parado por uns populares que lhe deram uma sova (a testemunha incluí-se nos sovadores) e depois entregue à polícia que lhe deu mais uns açoites valentes, ainda é mais difícil saber se é ou não branco. Por um lado atropelar e fugir tanto pode ser um branco, que se decide parar para dar assistência arrisca-se a ser sovado (adoro esta palavra) como pode ser um angolano com o sentido cívico característico destas bandas. Ouvi a palavra Pula, mas pode ter outro sentido. Mas esperem! A testemunha disse que o entregaram vivo à polícia. Era preto de certeza.
Acabamos de ouvir esta notícia e eu estava a tirar fotos a um esgoto a céu aberto quando o nosso motorista decide mandar uma angolanada e ultrapassar pela direita. Uma motoreta que também manda uma angolanada e já nos estava a ultrapassar pela direita é atirada para o esgoto a céu aberto. Infelizmente tivemos de fugir e não consegui tirar umas chapas da situação. Mais acho que ainda o ouvi dizer: xiii patrão, cuida…..